A Festa da TAÇA

Ali por alturas da queima, alguém lançou o desafio (fui eu?... já nem me lembrava), rumar ao Jamor para celebrar a mais que certa conquista da Dobradinha. O plano era simples, carvão, sardinhas, broa e vinho verde... bilhetes logo se via.
Escusado será dizer que tudo se arranjou, há excepção de bilhete para o cérebro da "Operação Dobradinha"... no harm done...

Chegado o dia, com 3 horas de atraso em relação ao programado, e entravamos mato a dentro para montar o arraial e acender as brasas. As sardinhas fresquíssimas, tiveram de marchar a ritmo apressado, muito bem empurradas com um verde vivaço e geladinho, que como adiante se verá ainda havia de ter uma palavra de destaque. Como aqui o tio ainda precisava de arranjar maneira de entrar no estádio, nem levantámos a mesa e as brasas lá ficaram... à nossa espera, bem como metade das sardinhas e do vinho devidamente refrigeradas nessa peça essêncial a qualquer piquenique que se preze... a geleira do avô do Agripino!

Rumo aos torniquetes e já devidamente avisados dos bilhetes falsos que por lá circulavam, depressa me vi arrastado contra o 1º controlo de ingressos, sem que tivesse a mais pequena ideia de como entrar naquela festa; passa o Brinca, segue-se o Agripino e lá vou eu... cheio de confiança... muito descontraidamente no meio de 25000 macacos as gritos... e eis que me barram a entrada enquanto procuro o meu ingresso no bolso das calças.

Pânico, não podia acreditar que ele não estava ali... revolvo todos os bolsos à procura do meu bilhete imaginário e nada! Nunca vos aconteceu acreditar tanto numa mentira, que às tantas a tomamos como realidade? Pois ali estava eu, destroçado, prestes a desabar num pranto inconsolável, inconsolável e tudo isto devido a um qualquer filho de uma grande mãe que me tinha palmado a escassos metros da entrada... "como é que não está no bolso?" gritava o Arnault... numa perfomance ao mais alto nível e estratégicamente colocado ao lado de um prestável agente da autoridade... ali fiquei, postrado na grade, o 1º de muitos obstáculos q teria q vencer até chegar ao objectivo final. Eis que se aproximam os Super Dragões, alvorço, deixam de rasgar bilhetes e pedem que toda a gente entre rapidamente com o ingresso na mão... nisto o agente da autoridade aproxima-se e faz-me sinal para que me dirija à entrada, agarra o bracito do securita e sussurra "este senhor pode entrar"!

Só então me apercebo que ainda tenho que repetir a façanha nos torniquetes! "Ó Duarte!! Duarte, chega aqui!" neste momento conto com a ajuda do Duarte, mais um agente prestável, desta vez daqueles que usam o fato todo azul e têm um cacetete tramado... lá passamos o último torniquete e ... Loucura! tinha conseguido, estava no estádio...

Lá começa a partida, não sem antes termos perdido o Brinca, que deve ter seguido algum rabo de saias... Muita alegria, o público animado; não faltou nada... uns petardos, a claque a animar a malta com cargas de bastão e umas cabeças rachadas, O GOLO, nortenhas roliças a fazerem as delícias da velhada, e grupo da 3ª idade que durante a 2ª parte, decidiu malhar num jovem que se deve ter entusiasmado com uma das roliças...

Soa o apito final e VITÓRIA! A dobradinha já cá canta! Ainda deu para reencontrar o Brinca, que suspeito ter espicaçado os velhos que malharam no garoto atrevido, e avistar o Vasquito e sua senhora. Mas a festa ainda não tinha terminado...
À medida que nos dirigimos às nossas viaturas, começam os agitadores... "tou com uma fome"... "ainda sobraram sardinhas!"... "o trânsito deve estar caótico"..."eu por acaso guardei uns chouriços para alguma emergência"... "epá! isso era impecábel!"...

Acreditem ou não, o facto é que as brasas ainda davam sinal de vida, as sardinhas mostravam-se em plena forma e o vinho, esse estava mais fresco que uma alface! Eram já 21h30 e o nosso único arrependimento era ter deixado escapar o Vasco, que dizia ter uns pimentos no carro... tinham vindo mesmo a calhar para fazer a cama às últimas sardinhas... A nossa festa da taça terminou às 22h00!
E para o ano voltamos, mesmo que o Porto não vá...