Miguel Torga - 12 de Agosto de 1907

Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

2 comentários:

usiodady disse...

Até nisto o caramulo é pródigo... água fresca, fresquinha! Engraçado.

Mas anda por aí muita nascente.

Abraço

Anónimo disse...

Lindo... mas triste e verdadeiro!